A Prisão em Flagrante e a Realidade Social Brasileira
- ADVOGADO CRIMINAL

- 22 de jul. de 2023
- 2 min de leitura
A prisão em flagrante é uma medida cautelar prevista na legislação brasileira para casos em que a pessoa é surpreendida cometendo uma infração penal ou logo após a sua prática. Essa medida tem como objetivo garantir a eficácia da aplicação da lei e proteger a sociedade contra crimes em andamento.
No entanto, é fundamental analisar a relação entre a prisão em flagrante e a realidade social brasileira, considerando os desafios e impactos dessa prática no contexto sociopolítico do país.
O Conceito de Prisão em Flagrante
A prisão em flagrante é regida pelo artigo 302 do Código de Processo Penal brasileiro e ocorre quando alguém é detido logo após cometer um crime ou ainda durante a sua execução.
Nesse momento, é lavrado um auto de prisão em flagrante, no qual são registrados os detalhes da infração e da detenção do acusado. Posteriormente, o detido será apresentado à autoridade policial, que irá avaliar a legalidade da prisão e os fundamentos para sua manutenção ou revogação.
A Realidade Social Brasileira
O Brasil é um país marcado por profundas desigualdades sociais e problemas estruturais que afetam a segurança pública. Altos índices de violência, criminalidade e corrupção são desafios que afetam diretamente a vida da população e o funcionamento do sistema de justiça criminal.Nesse contexto, a prisão em flagrante desempenha um papel crucial na tentativa de coibir a criminalidade e proporcionar maior segurança à sociedade.
No entanto, é importante considerar os seguintes aspectos relacionados à realidade social brasileira:
Seletividade do Sistema de Justiça:
A prisão em flagrante pode ser aplicada de forma seletiva, atingindo principalmente a população mais vulnerável socialmente.
Pessoas de baixa renda, moradores de comunidades carentes e minorias étnicas têm maior probabilidade de serem alvo de abordagens policiais e prisões em flagrante.
Superlotação Carcerária: A realidade social brasileira é marcada pela superlotação dos presídios, o que acarreta condições desumanas de detenção, violações de direitos humanos e dificuldades na ressocialização dos detentos.
Falta de Investimento em Políticas Sociais: A ausência de políticas públicas efetivas de combate à pobreza, educação, saúde e inserção no mercado de trabalho contribui para a perpetuação do ciclo de criminalidade e para a alta incidência de prisões em flagrante.
Necropolítica e Encarceramento em Massa: A política de encarceramento em massa, com foco na punição e não na ressocialização, tem impactos sociais negativos, resultando em uma lógica punitiva que afeta principalmente as camadas mais marginalizadas da sociedade.Conclusão
A prisão em flagrante é uma ferramenta importante no combate ao crime e na proteção da sociedade brasileira. No entanto, é essencial considerar a realidade social do país e os desafios que envolvem o sistema de justiça criminal.
A seletividade do sistema, a superlotação carcerária, a falta de investimento em políticas sociais e a necropolítica são questões que devem ser enfrentadas para alcançar uma abordagem mais justa e eficiente no combate à criminalidade. É fundamental promover ações integradas que visem a redução das desigualdades sociais e a busca por alternativas à prisão, valorizando sempre a dignidade humana e os direitos fundamentais de todos os cidadãos.

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