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Os Perigos e Desafios da Inteligência Artificial na Advocacia: Uma Análise Peremptória

  • Foto do escritor: ADVOGADO CRIMINAL
    ADVOGADO CRIMINAL
  • 31 de jan.
  • 2 min de leitura

No âmago do desenvolvimento tecnológico hodierno, a inteligência artificial (IA) emerge como ferramenta de inestimável valia para os operadores do Direito. Todavia, sua incorporação ao cotidiano forense enseja desafios de ordem ética, técnica e jurisdicional, os quais não podem ser negligenciados pelos causídicos e pelos venerandos escritórios de advocacia.


A Desumanização do Labor Jurídico


A substituição progressiva do engenho humano pelas máquinas, conquanto eficiente em determinadas circunstâncias, carrega em seu bojo o risco inelutável da despersonalização do exercício advocatício. A relação entre advogado e cliente transcende o aspecto meramente informacional; está alicerçada na confiança, na discrição e na empatia, virtudes estas que a IA, com todo o seu arcabouço algorítmico, não logra replicar com a devida maestria.


A Falibilidade dos Algoritmos e a Responsabilidade Civil


A infalibilidade é atributo inalcançável, seja pela inteligência natural, seja pela artificial. Algoritmos de predição e automação podem, por equívoco de programação ou falha nos parâmetros estabelecidos, incorrer em erros crassos que ensejem prejuízos irreparáveis aos jurisdicionados. Nessa senda, insta questionar: a quem imputar a responsabilidade por eventuais danos causados por uma decisão jurídica embasada em recomendações algorítmicas? A doutrina e a jurisprudência, ainda titubeantes nesta seara, deverão dirimir essa controvérsia com máxima urgência.


A Cibernética e a Vulnerabilidade dos Dados Sigilosos


A era digital traz consigo o flagelo da vulnerabilidade cibernética. Escritórios de advocacia armazenam volumosos acervos de informações sensíveis, cujo extravio ou devassa podem comprometer sobremaneira os direitos de seus patrocinados. A implementação da IA em sistemas jurídicos requer, pois, protocolos de segurança de envergadura robusta, a fim de obstar intrusões indevidas e minimizar os riscos de exposição indecorosa de dados sigilosos.


A Dissonância com a Hermenêutica e a Práxis Jurídica


O Direito não se compadece com fórmulas matemáticas rígidas. A interpretação das normas jurídicas exige um olhar arguto, capaz de compreender as sutilezas do texto legal e do contexto fático. A IA, ao atuar por meio de padrões estatísticos, carece dessa maleabilidade interpretativa, podendo conduzir à aplicação fria e mecânica da norma, olvidando-se da principiologia que deve sempre reger o labor advocatício.



Destarte, se por um lado a inteligência artificial apresenta-se como auxiliar inestimável para a celeridade e organização dos processos, por outro, não se pode olvidar de suas limitações e riscos. O advogado, enquanto defensor das garantias fundamentais e do devido processo legal, deve encarar essa inovação com olhar crítico, buscando extrair suas vantagens sem jamais abdicar da essência humana que permeia a nobre missão de advogar. Somente assim será possível manter incólume a dignidade da profissão e a segurança jurídica da sociedade.



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Dr. Jonathan Pontes | Advogado Criminalista, Vice-Presidente do Centro de Esporte e Lazer OAB (triênio 2022-2024),

Assessor do XIV Tribunal de Ética e Disciplina (triênio 2022-2024|2019-2021), Membro Efetivo da Comissão de Direitos Humanos (triênio 2022-2024),

Secretário do Centro de Esporte e Lazer (triênio 2019-2021). Expertise Técnica - Direito Penal e Processo Penal. C

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