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O Perigo Invisível: Como a Inteligência Artificial Está Empobrecendo a Qualidade das Peças Processuais

  • Foto do escritor: ADVOGADO CRIMINAL
    ADVOGADO CRIMINAL
  • 26 de mar.
  • 2 min de leitura

Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem revolucionado o setor jurídico, tornando a produção de peças processuais mais rápida e acessível. No entanto, esse avanço também levanta uma preocupação crescente: o empobrecimento técnico dos documentos jurídicos devido ao uso excessivo de ferramentas automatizadas.


A Praticidade Que Pode Custar Caro



Softwares de IA generativa, como ChatGPT, vêm sendo amplamente utilizados por advogados e escritórios de advocacia para redigir petições, recursos e pareceres. Essas ferramentas oferecem rapidez e praticidade, permitindo a elaboração de textos jurídicos em questão de minutos. No entanto, a dependência exagerada dessas soluções pode comprometer a qualidade técnica e argumentativa das peças processuais.


Falta de Personalização e Raciocínio Jurídico


Uma das principais críticas ao uso excessivo da IA na advocacia é a falta de profundidade e personalização nos documentos produzidos. As ferramentas de IA baseiam-se em padrões e estatísticas para gerar textos, muitas vezes recorrendo a estruturas genéricas e a argumentos superficiais. Isso pode resultar em peças processuais pouco fundamentadas, que não exploram de maneira estratégica os detalhes específicos de cada caso.


Risco de Erros e Falhas Jurídicas


Outro problema frequente no uso indiscriminado da IA é a possibilidade de erros factuais e jurídicos. Embora os algoritmos sejam treinados com grandes volumes de dados, eles não possuem a capacidade de interpretar nuances legais, precedentes atualizados ou aspectos subjetivos do direito. Um erro na redação de uma petição pode comprometer todo um processo, trazendo prejuízos para o cliente e para a reputação do advogado.


A Desvalorização do Profissional do Direito


O excesso de automação também pode impactar negativamente a formação e a valorização do profissional do direito. Jovens advogados que dependem excessivamente de IA podem perder a capacidade de construir argumentos sólidos e desenvolver o pensamento crítico necessário para a prática jurídica. Além disso, a padronização excessiva das peças processuais pode enfraquecer o papel do advogado na defesa personalizada dos interesses de seus clientes.


O Caminho do Equilíbrio: IA Como Ferramenta, Não Substituta



O uso da inteligência artificial na advocacia não precisa ser visto como um vilão. Pelo contrário, quando utilizada de maneira estratégica e complementar, a IA pode otimizar o tempo dos advogados, permitindo que se concentrem em aspectos mais analíticos e estratégicos do processo. O segredo está no equilíbrio: a tecnologia deve ser um suporte, e não um substituto da expertise jurídica.



O empobrecimento técnico das peças processuais devido ao uso excessivo da inteligência artificial é um risco real, que pode comprometer a qualidade da advocacia e a efetividade da defesa dos clientes. Para evitar esse problema, é fundamental que advogados utilizem a IA com critério, sem abrir mão do conhecimento jurídico aprofundado e da personalização essencial em cada caso. Afinal, no direito, o diferencial está na argumentação, na estratégia e na capacidade de interpretação — habilidades que nenhuma máquina pode substituir completamente.

 
 
 

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Dr. Jonathan Pontes | Advogado Criminalista, Vice-Presidente do Centro de Esporte e Lazer OAB (triênio 2022-2024),

Assessor do XIV Tribunal de Ética e Disciplina (triênio 2022-2024|2019-2021), Membro Efetivo da Comissão de Direitos Humanos (triênio 2022-2024),

Secretário do Centro de Esporte e Lazer (triênio 2019-2021). Expertise Técnica - Direito Penal e Processo Penal. C

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